Como sempre prontos para a partida, às 7.30h nas 7 bicas. A viagem de autocarro a cada etapa torna-se mais longa e difícil para quem não toma o pequeno almoço em casa. Há quem tire uma soneca, outros põem a conversa em dia.
Eis que chegamos a Condeixa e a ameaça de chuva era eminente. Há que pensar no local do pequeno almoço para aquecer o estomago, dos que jejuaram e da injeção de cafeina. Para não perdermos mais tempo e termos a certeza do pão quente, alguém se lembra do Continente e foi aí mesmo que ouvimos chamar pela Catarina. E não é que apareceram duas? Só visto a cara delas quando viram que tinham uma camioneta para tomar o pequeno almoço!! Ainda houve quem aproveitasse para comprar mais qualquer coisita, não fosse a fome apertar.
Bom, entramos novamente na camioneta e lá fomos nós para o ponto de partida. Demos início à nossa caminhada nas Ruínas de Conimbriga. Apanhámos o trilho por um caminho de terra batida, seguindo pelo vale do Rio dos Mouros. Este Vale apresenta solos secos e áridos, sobressaindo na paisagem a vinha e a oliveira. Com uma extensão de 4 km, o Canhão Fluviocársico deste rio representa geologicamente uma forma de curso evoluído, fazendo a transição entre a Bacia do Mondego e o Maciço de Sicó, cruzando-se com a Rota Carmelita. Esta Rota é uma proposta de descoberta do território, de fruição paisagística e cultural. A fauna e flora, oferecem no percurso cenários de grande riqueza natural.
Cruzamos lugares típicos como o Poço, a Fonte Coberta, e que deveria estar mesmo coberta, porque não a vimos (com a sua ponte filipina) e o Zambujal, criado segundo a lenda por dois irmãos gigantes ferreiros. Será nesta localidade que nos iremos despedir do Concelho de Condeixa-a-Nova.
Ora, foi logo a seguir à fonte coberta que nos deparamos com um santuário. Não, não era o santuário de Fátima, nem poderia ser, se não não teríamos mais nenhuma etapa para fazer. Era a Capelinha de Santa Jacinta. Não faltavam santinhos e santinhas e memórias de quem por lá passou. Houve quem passasse e andasse (há que fugir da chuva) e levasse apenas com os “3 pastorinhos” (santinho). Houve os mais curiosos e os que se quiseram abrigar da chuva que acabaram presos dentro da capelinha. Entraram, rezaram, pois é quem entra não escapa…!! Há que rezar!! Bastou rezar um bocadinho e a libertação veio de imediato.
Há que seguir caminho até ao Rabaçal. Os pequenos rebanhos que ponteiam estas paragens dão origem ao célebre queijo Rabaçal, uma iguaria de leite de ovelha e cabra, cuja tradição remonta à época romana. Os mais adiantados tentam fugir da chuva e acabam por chegar mais rápido ao café Bonito. Hora de almoço, carregar baterias e comprar os famosos queijos do Rabaçal.
Pois se achávamos que íamos ficar por aqui, enganámo-nos. De queijo às costas ou na “mão” dentro do saco, lá saímos nós do café Bonito em direção a Alvorge. O cheiro do queijo deu-nos o impulso para este último percurso e acabamos por “matar” mais uns 4,5 km. Não bastando uns quilómetros a mais, levamos também com uma subida que parecia não ter fim. Eis que chegamos a Alvorge.
Concluindo, esta etapa fez a transição entre a paisagem urbana e o mundo rural, entre o alcatrão e os caminhos de terra. Para mim, foi uma das etapas mais bonitas até agora feitas. Foi, por isso também, uma viagem no interior tranquila, plana e com os motivos naturais a envolver a paisagem. Não fosse alguma chuva aparecer, teria sido tudo mais que perfeito.
Venha a próxima…
Por Manuela Castelo, 16-06-2023
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