Primeira etapa: E num Janeiro prestes a findar inicia-se um caminho de nobres caminhantes e peregrinos que ligará Lisboa a Fátima para o encontro com os que antes de nós partiram do Porto com o mesmo destino. Um grupo recheado de pessoas de diversas origens dentro e fora do BPI com algo que os une: a entreajuda e a empatia – e, claro, sob o olhar atento da guia Maria Alice e com o apoio da Luísa.
De Janeiro guardamos a memória das caras que conhecemos pela primeira vez e que serão nossos companheiros por muitas horas nos próximos meses. E com a curiosidade de experimentar algo novo, rumámos da Igreja dos Navegantes em Lisboa para Alhandra em passo firme para descobrir caminhos que tantas vezes vislumbrámos dos nossos carros.
A primeira etapa é uma etapa de água, em que temos o rio Tejo como parceiro de caminhada e nos faz descobrir o espaço que em breve vai receber as Jornadas Mundiais da Juventude e os passadiços do Forte da Casa. Trilhámos caminhos acidentados e com o desafio de uma chuvada recente que nos fez descobrir que nem sempre o caminho que temos de trilhar é o que está marcado, e que por vezes temos de seguir vias alternativas. Obrigada, Javier por nos teres ajudado a encontrar alternativas.
Segunda etapa: A etapa de Fevereiro que ligou Alhandra a Virtudes deu-nos o reencontro com aquelas a que chamamos agora a nossa família do Caminho de Fátima e num dia fantástico de sol seguimos a etapa do caminho-de-ferro. Tivemos como companhia estações emblemáticas como a de Vila Franca de Xira, com uma beleza extraordinária, e o modernismo das estações de Castanheira e Azambuja.
Vislumbrámos as centrais termoeléctricas e os centros logísticos da Azambuja. Apreciámos o voo das aves que nos vinham dar as boas-vindas e perdemo-nos nas paisagens típicas ribatejanas. Etapa de histórias com estórias, afinal Alhandra é terra ligada ao Dr. Sousa Martins; Vila Nova da Rainha acolheu o casamento do nosso Nuno Álvares Pereira, e Virtudes foi em tempos local de romaria religiosa.
Terceira etapa: Em Março, o nosso grupo de aventureiros tinha pela frente a etapa mais dura do seu caminho, que, embora sendo bela e muito bucólica, é deveras dura. Neste dia, tivemos o privilégio de visitar Valada do Ribatejo, um dos locais mais bonitos deste caminho e que nos convida a perdermo-nos por minutos junto ao Tejo a apreciar a paisagem e a ser brindados pelo sol. E com esta tranquilidade seguem-se uns bons 15 km sem apoio, a caminhar sobre a recta que liga Valada a Santarém, e que nos permite apreciar os campos de cultivo de milho e os hectares de vinhas.
Digamos que alguns de nós ainda sonham com tractores que parece que não saem do sítio e de uma etapa interminável. O espírito de entreajuda foi forte nesta etapa, o que permitiu a chegada de todos à bela Igreja de Santa Clara e à bela cidade de Santarém. Não fosse o cansaço da etapa, e o brinde teria sido feito com os pampilhos típicos desta terra.
Bom caminho a todos, e recordem-se: «Caminhante, não há caminho; o caminho se faz ao andar.»
Por Rosa Ferreira, 14-05-2023
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