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Festa da cereja na aldeia de Alcongosta
À descoberta de aldeias históricas
Em 10 de Junho de 2017, pelas oito horas, na cidade do Porto, um grupo de exploradores culturais, do Grupo Desportivo do BPI, comandados pelo capitão Ribeiro e pelo seu imediato Fernando, embarcou numa nau, à descoberta de aldeias históricas. Linhares da Beira era o primeiro ponto na rota.
Navegaram, na sua nau de quatrocentas e vinte velas, por oceanos de boas auto-estradas, mas depois por outras, estreitas, preparadas para um ou dois cavalos, não dos quatrocentos e vinte que puxavam a pesada nau, exigindo boa navegação entre recifes de curvas e contracurvas para chegada a bom porto, onde os exploradores, logo desembarcados, capturavam, em fotos, o património edificado, imaginando a vida do povo; cristãos e judeus, daquelas ruas estreitas, ligados à prestação de serviços à volta da sachola e da enxada nos amanhos da terra, única seiva que lhes garantia a vida, muitas vezes perdida, para a defenderem.
Linhares da Beira, com seu castelo, com duas belas torres, imponentes sentinelas sobre férteis terras da Beira interior, merece, sem dúvida, uma visita.
Seguiu-se Folgosinho, réplica de Linhares, com permanentes lembranças a Viriato; «Pastor guerreiro destas terras», lê-se numa placa de rua. Ao evocar Viriato, aqui registo O Albertino, com o seu serviço de cinco pratos e quatro sobremesas, tudo acompanhado por música, não de cítara romana, mas, sim, dum acordeão português. Foi um festim romano! Um safari fotográfico, por ruas e típicas casas, que já viram milhões de olhares de espantos, desgastou calorias.
Depois, por sinuosas e verdejantes veredas, rumou-se a Belmonte, terra dos Cabrais, que viviam no castelo, onde nasceu o descobridor.
O panteão particular dos Cabrais é evidente demonstração da sua influência no reino; exemplo foi a escolha de um deles para comandar a viagem que levou à descoberta do Brasil, lembrada no Museu dos Descobrimentos. Memórias da forte presença dos judeus aí estão, bem representadas.
As partes fazem um todo. Por parte dos exploradores culturais houve um regar, com gratidão, das raízes das terras, recordando «aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando».
Para término do dia rumou-se até à Covilhã, onde o excelente hotel Pura Lã os aguardava para um bom jantar, motivo para mais um bom convívio e serena noite de descanso para a escalada, no dia seguinte, até Alcongosta, capital da cereja, onde os exploradores culturais foram os primeiros a subir as estreitas ruas, encosta acima, em ambiente festivo, ladeadas de tendas que abrigavam a venda do tentador fruto, comprado em caixas, às dezenas.
Depois, Alcongosta abaixo, rumou-se a Sortelha, para a visitar e regressar ao porto de partida, mas antes houve o almoço no Celta, em Sortelha, e depois este “poema” foi lido aos presentes.
Foi à balança
Num restaurante/ no Celta/ a uma mesa sentado/ um corpo tem/ sempre/ a certeza da incerteza da comida que vem/ e como vem/ que/ depois de chegada/ é saboreada/ No final não sabe dizer se lhe soube bem/ não sabendo se foi disto ou daquilo/ só sabe que/ após sair da mesa/ e de ir à balança/ que pesa mais um quilo!/ Os amigos dizem-lhe que encheu a pança///
O final da narrativa fica com o que exarou este escriba.
Por Silvino Figueiredo, 9-08-2017
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