Pesquisa

Calendário
Recreativo
Desportivo
Cultural
Férias e Viagens
Vida Associativa
Parceiros
8
6
6
 

Página Inicial > Cultural >

imprimir
Via Mariana - Crónica da 5ª etapa
De Peneda a Melgaço

Esta 5ª etapa, de Peneda a Melgaço, foi um menu recheado de sensações, emoções e sabores, digna de um cardápio extremamente elaborado, onde não faltaram, os melhores ingredientes para o palato e degustação, desta malta cheia de bravura.

Foi tão intensa e cheia esta fase da caminhada, que não me sinto capaz de descrever e transpor em palavras, todos os elementos e vivências deste ambiente singular que partilhamos neste coletivo.

Não podendo defraudar a responsabilidade que me compete nesta crónica, cá vai uma pequena síntese da mesma.

Era 25 de Novembro, cerca das 7h da manhã, quando partimos nós, rumo ao alto da Peneda.

Tomado o pequeno almoço vigoroso numa superfície comercial, capaz de albergar toda a gente, após uma estratégica paragem antes do ponto de partida, durante a viagem, a nossa líder Rosa, como vem sendo hábito, faz o seu briefing, onde descreve o itinerário e carinhosamente dá as boas-vindas ao grupo.

Contudo, surpreendentemente refere no seu discurso, que temos 4 aniversários a assinalar (a Celeste, a Isabel, a Fernanda e a Jacinta) e toda uma cantoria associada, que acorda qualquer atleta que estaria a aproveitar os seus últimos minutos celestiais de descanso. Ora bem, como se não bastasse, 2 elementos destes protagonistas do dia, são da chamada “cozinha” da camioneta, que em horas tão impróprias da manhã, já estavam de copo em punho e taparuere de bolo em cima das pernas, o que já denunciava um longo e atribulado caminho pela frente.

Tirada a fotografia da praxe, abençoada pelo Santuário de Nossa Sra. da Peneda e todo um cenário único, lá partimos fortes e destemidos, prosseguindo as setas azuis e amarelas, da nossa Via Mariana.

Avançamos caminho, presenteados pela Natureza pura, cheia de cores quentes, como os amarelos, os castanhos, os verdes e os vermelhos, tão características deste início de época fria e molhada.

Saltamos pequenos percursos de água, calcamos uma pequena calçada medieval, sempre a respirar o ar fresco e oxigenado, abraçados pelas árvores e vegetação da mais nobre floresta, nomeadamente dos chamados “pinheiros Nórdicos”, tão imponentes e vigorosos que nos abraçaram nesta experiência. A caminho do Parque de Lamas de Mouro, e porque uma boa história tem sempre de ter uma peripécia, pouco depois de visionarmos uma casa de Guarda Florestal, constata-se que o grupo do Caldas (mais conhecido pelo carro vassoura) se desviou ligeiramente da rota.
Contactada a Rosa, para o grupo da frente auxiliar o reencontro dos restantes “perdidos”, os membros da linha da frente, utilizam todos os seus recursos de apoio: ora um telefonema aqui, uma localização partilhada via GPS ali, eis que surge o apito da Manu, deveras sonoro e pujante no chamamento dos companheiros, que inclusive serviu para espantar um caçador furtivo de árvores, que de carrinha aberta e moto serra em mãos, se preparava para transportar lenha. Graças à Manu e ao seu fôlego, impuseram respeito e se fizeram ouvir no silencio tão característico desta paisagem.

Encontrado o parque de merendas, sempre na companhia das dóceis e falantes “Vacas Felizes”, somos acompanhados por alguns cães “Castro Laboreiros” que demonstram uma enorme vontade de nos fazer companhia na tão esperada hora do almoço de grupo.

Pouco antes do almoço, já tínhamos aquecido um pouco o estômago com uns docinhos da nossa aniversariante Fernanda e como se não bastasse, também tivemos a sobremesa presenteada com húngaros, tão bem entregues pela nossa outra aniversariante, a Jacinta. E porque somos caminhantes de um bom sustento, ainda no parque de merendas, fomos tomar o cafezinho que fecha o almoço e somos uma vez mais, brindados com Bolo Rei, desta vez, por outra aniversariante, a Isabel.

Mais pesados que nunca e contra o tempo, uma vez que nos aguardavam ainda uns simpáticos 18kms pela frente, colocamos pés a caminho do planalto de Castro Laboreiro, o ponto mais alto da Via Mariana, para vislumbrar cada vez mais de perto o parque eólico dos Bicos. Pelo caminho, prosseguimos sempre com as Vacas Felizes ao nosso lado, a disfrutar do cheiro que mais as caracteriza e do Sol que abrilhantou esta nossa 5ª etapa.

Prosseguindo o objetivo, deparamo-nos com uma cena de vários carros e indivíduos de indumentária quase militar, apetrechados de material duvidoso, animados com o seu convívio e um pequeno lanche, que quando nos chegamos a eles, percebemos que eram caçadores de javali e que já teriam terminado o seu objetivo, uma vez que conseguimos ver 3 animais adormecidos.

Atingida a Serra, descemos a floresta húmida, com as vistas maravilhosas onde o Sol ainda brilhava, embora já se avistasse o nevoeiro e a noite a espreitar muito envergonhada. A natureza continua a surpreender-nos, desta vez com um coletivo de cavalos selvagens que nos receberam com um ar surpreendido e elegante, de quem se sente incomodado e invadido no seu habitat.

Como seria de esperar, com o relógio a nosso desfavor, avistávamos lá longe a noite e todo o seu esplendor, com o Pôr do Sol deslumbrante, que nos abraçou e agarrou naquele final de tarde, em Fiães, onde equacionamos regressar ao nosso meio de transporte, uma vez que ainda nos faltavam uns infindáveis 6 km para Melgaço e a escuridão como cartão de visita.

E porque somos valentes e destemidos, aplicamos o plano B, seguindo a estrada de asfalto, rumo à cidade que cintilava e que avistávamos ao longo de toda a caminhada, lá no fundo longínquo e aparentemente inatingível. Uma vez mais, tiramos da cartola, objetos e soluções de recurso para seguir em frente com a máxima segurança e conforto, tais como a utilização de WC arejados e limpos pela mãe Natureza e as lanternas potentes dos nossos telemóveis, para avisar os poucos automóveis que circulavam, de que por ali andavam caminheiros resilientes e corajosos.

Chegados a Melgaço, junto da Igreja arrojada com luz verde no seu topo, entramos tímidos e supostamente cansados na camioneta, para o almejado regresso às nossas casas e a preocupação nos nossos rostos, de que esticamos demasiado a corda e estaríamos a prolongar demasiado esta jornada.

Quando julgávamos que o dia estava cumprido e quase terminado, eis que surge toda uma logística de distribuição de copos de jeropiga, de bolo de chocolate, de bolo da Teixeira, de chocolates deliciosos da Lindt, enfim, de um brinde repleto de alegria, boa disposição e camaradagem que tão bem caracterizam este grupo extraordinário, que tão bem socializa e aplica os valores da partilha, do convívio e da amizade.

Para terminar, após estes primeiros e festivos km de regresso, onde imperava um alegado silêncio de recuperação, ouvimos do fundo da camioneta, o trautear de uma canção em vivas vozes, que começam com a frase “Vamos acordar e ficar a ouvir” e que se prolongam com outros êxitos da música popular portuguesa. Enfim, não há caminhada que consiga bater estes caminheiros!

Foi sem dúvida uma memorável etapa, que nos encheu a alma e que nos prepara para o futuro de mais aventuras. Muito obrigada às aniversariantes pelo carinho e por quererem celebrar connosco e obrigada à Célia, que não fez anos, mas mesmo assim, fez parte do menu de iguarias.

Dou assim por concluído o nosso percurso por terras de Portugal e venham agora, novas façanhas por terra de “Nuestros Ermanos”. E não esquecer o nosso lema, o que se passa no caminho, fica pelo caminho.

Um bem-haja a todos!

Por Marta Pereira, 1-05-2024




Apresentação Sobre nós Politica de Privacidade Contactos