Fomos sem nunca nos termos perguntado o porquê de nos metermos mais uma vez a caminho. São coisas pessoais que ficam connosco. Em ano de Jacobeu, este facto não contribuiu em nada para a decisão de fazer ou não o caminho, já que este parece ter-se transformado em algo folclórico, ainda assim deixando espaço para aqueles que como eu o continuam a percorrer com a mochila às costas, a pernoitar em albergues como muitos o faziam desde a Idade Média e ainda o continuam a fazer nos nossos dias. Desde a fronteira de Castela-Leão, percorremos 6 etapas, cheias de incríveis subidas e descidas, de um verde estonteante, com castanheiros a perder de vista e algumas histórias de vida como a daquela peregrina cega que veio de Maryland, nos EUA, sozinha com um cão-guia desde Madrid – encontrámo-la e falámos com ela. Que história! Mas o que faz correr as pessoas para Santiago de Compostela? O Santiago? Eu acho que é o caminho que nos leva até uma meta onde se começa e não onde se acaba. Chegámos cansados, mas alegres por termos chegado na companhia de centenas de peregrinos que como nós se dispõem a fazer o caminho da forma mais primitiva que estes tempos de globalização nos vão permitindo.
Por José Veloso. 16-02-2011
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