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Grande Rota das Montanhas Mágicas – 1ª etapa
De Cinfães a Gralheira

Os cumprimentos habituais, beijos e abraços distribuídos enquanto se aguarda pelo presidente, que chega no seu passo apressado e logo mete o pessoal na ordem, vamos lá entrar que Cinfães é o destino.

No autocarro, os caminheiros distribuem-se pelos lugares tradicionais, apesar de ser a 1ª das 14 etapas desta aventura da Grande Rota das Montanhas Mágicas; todos se conhecem e sabem as suas preferências.

A viagem prometia ser relativamente curta, mais ou menos 1.30h, mas as curvas do percurso começaram logo a derrubar alguns passageiros. Apesar de em alguns momentos a paisagem ser deslumbrante, ou não estivéssemos nós junto “ao rio mais bonito do mundo e um dos mais bonitos que passa em Portugal”.
A team leader, Rosa, dá as últimas dicas ainda dentro do autocarro.

Chegados a Cinfães, é fazer um reforço rápido no café, enquanto uns recarregam num banco de jardim, aparentemente são modelos híbridos, a nossa Marta anda encantada com os modelos elétricos. Tiramos a foto mesmo ao lado da Igreja, que serve de prova de que estamos oficialmente a abraçar mais uma loucura. Agora que penso nisso para a próxima entro e acendo uma velinha. Para memória futura fica a dica, o que me faz inscrever nestas coisas tendo eu um sofá tão confortável em casa? Mas pronto estamos cá e é para avançar. A caça ao passaporte tem então início e depressa se encontra o posto de Turismo onde se faz o levantamento.

Encontrar a Rota foi imediato, muito bem marcada e as nossas capacidades físicas e mentais estavam no auge. Uma pequena indecisão num cruzamento enquanto nos adaptávamos à sinalética, as setas não são amarelas nem azuis e a malta tem de fazer esse ajuste. Prontamente o Cardoso ao estilo do Indiana Jones descobre o trajeto e lá vamos nós todos juntos a descer, fixem bem a palavra descer que nunca mais vai surgir ao longo desta etapa. A ruralidade da zona é mais do que evidente com pequenas hortas e vinhas onde se encontram famílias completas a realizar a tradicional vindima.

O avistar do Rio Bestança fazia-nos acreditar que o ChatGPT, quando classificou esta etapa como a mais difícil das 14, estaria a alucinar e a paisagem era retemperadora.
Ignoramos a sinalética da estrada e avançamos pela marcação da rota por uma pequena rua que só está disponível para moradores na direção de Boassas, obviamente que foi uma péssima escolha já que subia com uma inclinação para a qual não estávamos ainda preparados. No centro aproveitamos para a pausa da manhã, junto ao bar da comissão de festas que logo se disponibilizou para vender alguma coisa que precisássemos. A vista do rio Douro e do Bestança era magnífica e o monumento às sardinheiras parecia-nos um pouco desajustado. Agora, depois de realizada a etapa, penso mesmo que deviam erguer um monumento maior. Pensar que as senhoras colocavam uma canastra carregada de sardinhas à cabeça e calcorreavam, descalças, alguns dos caminhos que fizemos para vender sardinhas nas aldeias é pensar que há quem tenha necessidade de fazer sacrifícios para viver e que para nós são só uma forma de aliviar o stresse do dia a dia, somos mesmo uns privilegiados.

Voltemos ao que interessa, a nossa etapa, pausa terminada, não sem antes se ter alimentado um cão com a empada da Marta. Importa aqui também salientar que, na ausência do César, a Lurdes passou a assumir o papel de fotógrafa oficial devidamente credenciada para o efeito (ainda que sem a nota dos 20 euros) e foi captando os melhores momentos de toda a etapa.
E vamos então subir!!! Sempre que alguém espreitava numa janela para ver quem fazia tanto ruído e questionava até onde íamos a cara que faziam devia ter sido suficiente para nos fazer ligar ao motorista, mas obviamente não o fizemos. Até no auto da barca do inferno do grande Gil Vicente havia um parvo... e mais recentemente o Scolari questionava se o burro era ele.
Houve quem aproveitasse para apanhar uns figos e maçãs, com a devida autorização dos proprietários que até agradecem para não terem de limpar o chão com tanta fruta caída.

E subimos, subimos, subimos não sem antes nos termos apercebido que 3 colegas tinham seguido um caminho alternativo por não quererem desbravar uma zona de silvas, contactados por telefone percebemos que tinham forma de voltar a entrar na rota logo mais à frente e assim fizeram, só os voltamos a ver quando paramos junto à primeira zona de Eólicas em Ferreiros de Tendais para almoçar (isto se o meu IOS conseguiu localizar devidamente a foto tirada a uma das pás danificadas). Não esquecer que a Laura e a Manu são uma espécie em extinção de malta em boa forma física, apesar das férias e das loucuras gastronómicas cometidas nessas alturas.
Se alguém estiver a ler isto a pensar então ainda agora pararam para comer a banana e já estão a almoçar, esqueçam, já são quase 14.00h estamos completamente de rastos e se não tivéssemos comido pelo caminho as nozes da Dona Lurdinhas fornecidas gentilmente pela Madalena, não havia hipótese de alcançar este feito.

Enquanto almoçávamos, as marcas dos javalis no solo eram evidentes e mais uma vez eu a pensar, mas o que te deu para andares num local habitado por javalis? Aqui só mesmo este tipo de habitantes, nem mesmo Judas passou aqui para perder as botas. O almoço foi rápido até porque o vento era muito forte e a esperança era que ao sairmos daquela zona o vento diminuísse.

Nada disso, o vento era cada vez mais forte, não sei se pelo efeito da depressão Gabrielle ou mesmo pela zona que estávamos a percorrer. E a chuva também nos veio fazer companhia, Rosa, Caldas e Cardoso, confirmem por favor se o Vento e a Chuva se inscreveram nas próximas etapas, comecem por favor a cobrar-lhes uma taxa extra para ver se desistem.

Nas zonas mais abrigadas a subida fazia-se com um ritmo interessante, já quando o vento nos empurrava era praticamente impossível caminhar e a sensação é que se fazia 10 vezes mais esforço para dar um passo. Sentia-me num daqueles filmes de animação em que o coiote mexe as pernas a uma velocidade estonteante e não sai do sítio. Calma só mesmo na minha cabeça é que eu mexo as pernas a uma velocidade estonteante, quanto a não sair do sítio, confirmo que isso acontece mesmo.

Desde que avistamos um pastor com as suas vacas a quem obviamente perguntamos se o percurso até Gralheira era ainda muito difícil (o nosso destino) e do alto do seu farfalhudo bigode nos disse ... ui vão para Gralheira? É sempre a subir, e de onde vêm? E quando a resposta foi Cinfães saiu-lhe um eh pá da vila??? Tudo fez sentido, foi baseado nesta experiência de vida que o ChatGPT tinha feito a sua classificação e tudo bate certo, ainda se pode confiar nas máquinas, a inteligência é artificial, mas é alimentada por humanos com ou sem bigode.
Mais à frente em Ramires, um novo pastor a explicar a um grupo como se vive no campo, fiquei na dúvida se seriam capazes de distinguir uma cabra de uma vaca, mas pronto estavam interessados o que me levou a supor que podiam perfeitamente ser de uma qualquer lista à procura de mais um voto nas próximas autárquicas.
Nada a fazer, estávamos aqui e era para chegar ao fim, e subimos, subimos, subimos e já disse que subimos? A dada altura parecia que já não havia caminho (mas ao longe víamos um marco que nos fazia acreditar que a rota era aquela) e dava sempre para subir mais um bocadinho, logo estávamos no caminho certo.

Finalmente avistamos o autocarro em Gralheira, uma pequena localidade onde tudo estava fechado. Não sem antes nos cruzarmos com um cão de porte atlético que parecia querer marcar território e ladrava na nossa direção. Nada a temer, eu estou habituada a lidar com feras, sou tutora de um feroz Yorkshire, mas pelo sim pelo não a Joana vai à frente.

Há quem tenha tido sorte e tenha sido presenteado com um chá com cheirinho, uma bebida caseira preparada pelo dono do restaurante local, que abriu especialmente para os receber.

Tudo no autocarro por volta das 17.30h, foram 25km com um ganho de altitude de cerca de 1250 metros, um percurso muito duro e exigente, confesso que não estava preparada física e psicologicamente para isto, o frio e o cansaço estavam presentes, olha mais dois que podiam deixar de vir connosco!!!

Felizmente o Álvaro fez anos e trouxe uns bolinhos que distribuiu na viagem de regresso e que souberam muito bem, obrigada e parabéns!!! É este o espírito, só admitir no grupo gente que comemore o seu aniversário durante a realização do evento.

Agora é escolher o caminho mais longo até ao Porto, não sem antes existir uma tentativa de inversão com possibilidade de sermos protagonistas de uma reportagem na CMTV. Avançamos mais um pouco e lá se encontrou um local onde não havia o risco de cair no rio. É mesmo disto que se fazem as nossas vivências e por isso mesmo maximizar a viagem é sempre a melhor opção, será que chegamos a tempo de ver o TaskMaster? Ou a tempo de cantar os parabéns a um amigo à meia-noite?
Seguimos a rota das uvas, pois havia interesse genuíno e profundo em perceber como se passa de um contentor de uvas a uma pipa de vinho, felizmente foi só até entrar na A4 e o camião desviou-se. Missão cumprida, todos nas 7 Bicas a dizer mal de tudo, a arrastarem-se para os carros e obviamente cheios de vontade que chegue a próxima etapa.

Foi só mais um dia tranquilo de uma caminhada no Grupo Desportivo do BPI.

Por Célia Soares, 23-10-2025




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