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Caminho Português de Santiago – 3.ª etapa
Barcelos - Ponte de Lima

O tempo estava de chuva e as previsões diziam que ela nos acompanharia durante toda a etapa, o que veio a acontecer: uma chuva fraca, mas persistente.

O autocarro chegou, rapidamente nos acomodámos nos bancos do costume, pois todos têm praticamente o seu lugar reservado. A conversa instalou-se e a boa-disposição fez-se notar, principalmente na cozinha, onde um grupo de meninas se encarrega de animar o grupo.

Cerca das 8.20h chegámos a Barcelos e em pequenos grupos dirigimo-nos para o Largo da Porta Nova para tomar café. Aqui pudemos apreciar a torre medieval, talvez a construção mais antiga da cidade – data do século XV –, onde funciona um museu. Em frente, a Igreja do Senhor Bom Jesus da Cruz, onde colocámos o primeiro carimbo e na sua escadaria tirámos a fotografia do grupo.

Numa extensa fila, começámos a caminhada que nos levou para fora da cidade. A estrada de alcatrão deu lugar a estradas estreitas de paralelos que rapidamente se tornaram caminhos empedrados. Entrámos numa zona de pequenas aldeias, rodeadas de extensos campos agrícolas e onde se adivinhavam grandes searas de milho; restava então o restolho.

O caminho central português é o caminho de Santiago mais percorrido em território nacional, muito bem sinalizado e onde não faltam albergues, tem ao longo do seu curso várias esculturas que evocam a figura quer do peregrino quer de Santiago.
Entretanto a chuva, ainda que fraca, obrigou-nos a vestir as capas dificultando o nosso avanço, mas a permanente boa-disposição minimizava o inconveniente.
Rapidamente o caminho degradou-se, era então de terra e de lama, obrigando-nos a desvios para não molhar os pés.

Chegámos a um sítio chamado Ponte das Tábuas de Balugães – uma ponte de pedra sobre o rio Neiva e mais abaixo um açude, criando um lençol de água. Numa das margens, uma praia fluvial composta de areia e relva, um local certamente aprazível no Verão.

O caminho de terra continuou até chegarmos à pequena aldeia de Balugães. Aqui atravessámos a estrada nacional 308, prosseguindo o caminho por uma estreita estrada de paralelos e de terra até que chegámos a um pequeno largo, onde se situa o albergue chamado Estábulo de Valinhas. Era cerca das 14h, a fome apertava, e embora os bancos de pedra estivessem molhados e caíssem algumas gotas de chuva, foi aqui mesmo que almoçámos.

Estamos a pouco mais de meio caminho, faltando ainda cerca de 14km. O caminho prosseguiu sem grandes alterações, mas começámos a encontrar alguns soutos, havia sítios em que o chão estava pejado de ouriços e castanhas. Foi difícil resistir à tentação de recolher algumas.
Encontrámos também muitas vinhas, já despojadas das suas uvas, mas mais lindas do que nunca, com as suas folhas pintadas com as cores outonais; os tons avermelhados, os castanhos e amarelos eram um regalo para os nossos olhos.

Passámos também por alguns sítios em que, junto das habitações, havia fruta e água para os peregrinos, evidenciando desta forma todo o sentimento de partilha e solidariedade dos habitantes locais para com todos os que peregrinam estes caminhos.

O caminho era longo, e embora o ritmo fosse bom, ainda faltavam alguns quilómetros. A chuva limitava-se agora a uns pingos, o que permitiu que alguns de nós caminhassem sem as capas a tolher-nos os movimentos, e isso reflectia-se no ritmo da caminhada.

Quase sem nos darmos conta, entre conversas começámos a ouvir um barulho que parecia de água a correr. Subitamente, do nosso lado esquerdo, começámos a ver as águas do rio Lima – estávamos a cerca de 1km do nosso destino. Rapidamente chegamos à famosa Av. dos Plátanos, local emblemático de Ponte de Lima.

Percorremos toda a alameda, subindo a margem esquerda do rio em direcção à ponte romana. Chegámos.

Depois de percorridos cerca de 35km, terminámos a 3.ª etapa sem qualquer contratempo, alegres e felizes, ansiosamente à espera da próxima.

Por Manuel Teixeira, 7-02-2025




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