Se não vamos ao Prado, o Prado vem a Lisboa. Até Março, no Museu Nacional de Arte Antiga, expõem-se mais de 50 pinturas do grande museu espanhol, entre as quais se contam obras de Brueghel e Rubens, entre muitas outras dos mais consagrados mestres da paisagem flamenga e holandesa.
Foi, para nós, uma oportunidade única de ver reunidos alguns dos mais importantes exemplos daquele novíssimo género pictórico, que em finais do século XVI passou a dar toda a dignidade a temas até então desconhecidos ou relegados para a categoria das curiosidades menores: vistas de montanhas e florestas, de campos e cidades cobertas de neve, de rios e do mar, registos líricos do amanhecer e do entardecer, ruínas nostálgicas.
Apontamentos da vida quotidiana dos povos do Norte – o fabrico da manteiga, a roupa a corar, os jogos de Inverno – enriquecem ainda um olhar que se confundia também com novas e exóticas terras que se iam descobrindo, e de onde surgiam, aos olhos admirados dos europeus, animais nunca vistos, paisagens e povos de dimensões bíblicas, e uma vegetação luxuriante que forneceu aos pintores nórdicos renovados pretextos de enriquecimento da sua arte.
Por Miguel Soromenho, 22-02-2014
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