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Via Mariana - Crónica da 13ª Etapa
Padron – S. Tiago de Compostela

Habituados a etapas a cada duas semanas, os caminheiros esperaram apenas uma semana por esta nova etapa, que já sabíamos contar com um grupo mais alargado.

Assim que os restantes caminheiros se juntaram em Sete Bicas, lá partimos num autocarro maior, mas com a alegria e animação de sempre. Fizemos a paragem obrigatória em Valença para o pequeno-almoço e, de seguida, a habitual crónica da etapa anterior.

Foi uma crónica muito animada à qual se juntou o que podemos considerar ter sido o hino da restante jornada, vocês sabem... “lá, lá, lá, lá...”. E foi assim que a atividade continuou no autocarro enquanto nos dirigíamos a Padrón para iniciar a nossa etapa. Não esquecendo, claro, que circularam pelo autocarro iguarias de vários tipos, desde Mickeys e Minnies, dados pela Cristina, às iguarias para celebrar o dia do Pai, amavelmente oferecidas pelo César e pela Lurdes.

Chegados a Padrón, tiramos a foto da praxe, tratamos dos carimbos e iniciamos a nossa bela caminhada. Encontrando Santiago Apóstolo, alguns alinharam na tradição e lá atiraram uma moeda, manifestando um desejo. Podemos dizer que correu bem para a maioria, mas a nossa Belinha conseguiu um feito extraordinário, fazendo com que a sua moeda batesse no teto e no chão. Temos a certeza de que, como os nossos desejos se vão concretizar, o da Belinha também vai, talvez de uma forma mais original, como o percurso da sua moeda, mas vai porque estamos todos com ela.

E lá fomos nós nesta Semana Santa Padronesa, alternando entre asfalto, calçadas e casario, mas nesta etapa, contrariamente às anteriores, encontrando outros grupos de caminheiros e ciclistas, desta vez seguindo as setas amarelas. Com o vento como companhia, caminhamos lado a lado com a linha férrea, passando pela taberna A Rianxeira para o café da praxe. Um pouco mais à frente, junto à Igreja da Escravitude, fizemos a nossa paragem técnica a que sempre nos referimos como a paragem da banana.

Ainda nos faltavam cerca de 18 Kms e lá seguimos caminho passando por Angueira de Suso, a quem alguém adicionou um M, passando a localidade a chamar-se “Mangueira” de Suso. Claro está que logo desenvolvemos a teoria de que, com toda a certeza, teria sido um português a cometer tal façanha. Quem mais teria esta ousadia?

Por esta altura também já tinha surgido a questão quanto à ausência dos nossos amigos de quatro patas, que muito gostam de nos acompanhar, e com muita surpresa nossa ainda não tinham cruzado o nosso caminho, mas eis que encontramos um centro canino absolutamente silencioso. Penso que voltamos a elaborar teorias, mas desta vez sem as verbalizar.

Com este pensamento continuou a nossa caminhada, por Faramello, Francos, Cancelo de Teo, passando pela La Divina Misericórdia e pela bonita Casa Comun.
Já quando parecia improvável, apareceram os primeiros amigos de quatro patas. Afinal estava tudo bem e sorrimos, até porque um bocadinho mais adiante aparecia uma placa onde se lia “Camiño Portugués” e a seguir uma outra onde se lia “RioTinto”.

Tudo bem, portanto. Como sempre, fizemos uma paragem simpática para almoçar e repor energias, desta vez numa localidade chamada Milladouro, onde não faltou um delicioso pão de ló regado com um bom Porto e Estrella Galícia, assim como um reconfortante e sempre muito procurado café.

Voltando ao nosso percurso vislumbramos no horizonte as torres da Catedral de Compostela. A nossa Rosa, Team Leader e mulher experiente nestas andanças, comentou a lenda de se deixarem pedras pelo caminho, algo que simboliza o ato de deixar os problemas e a negatividade pelo caminho. Assim, continuamos passando por Chimangas e Santa Marta, até chegarmos a um percurso citadino que nos levaria ao final da nossa etapa.

Avistada a capela de Pillar, chegamos pouco depois junto da escultura das Duas Marias, irmãs de uma família numerosa anarco-sindicalista de Santiago, vítimas da ditadura de Franco em 1936. Aqui tiramos algumas fotos e agrupamos para nos dirigirmos ao destino final, onde nos esperava um ambiente indescritível porque, apesar da Praça do Obradoiro estar preenchida, a sensação, que penso ser partilhada pelos restantes membros do grupo, foi de uma paz arrebatadora.

De seguida, tiramos orgulhosamente a nossa foto de grupo e dispersamos por algum tempo com horário marcado para uma nova entrada no autocarro. Claro que, pelo menos alguns de nós, aproveitaram para pedir mais um desejo, ou talvez o mesmo, acendendo uma vela e, como não podia deixar de ser, aproveitaram, também, para abraçar o Santo. Presenciamos o excesso de uma senhora, que logo foi repreendida pelo segurança, era só um abraço... não era suposto haver lugar a beijinhos...

Já de regresso ao autocarro, percebemos que a Marta e a Joana estavam atrasadas, mas ficou tudo bem porque a Marta sempre nos brinda com os seus dotes vocais, que já vêm do tempo que frequentava o coro da Igreja, e a Joana com as suas gargalhadas fantásticas.

Assim, com todos no autocarro, a próxima paragem foi o nosso abrigo (Hotel Puerta del Camino) para o merecido descanso, uma vez que no dia seguinte uma nova etapa esperava por este fantástico grupo de caminheiros.

Por Laura Pinto, 5-11-2024




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