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Encontro de Reformados nos Açores - 4
A viagem BPI aos Açores - crónica IV

Em jeito de breve aditamento à inesperada, surpreendente e óptima viagem, a par de um excelente convívio, aceitei o desafio de fazer uma pequena crónica. Eventualmente esta não seguirá os moldes tradicionais. Achei que deveria apresentá-la com um cunho algo pedagógico, dada a importância que este destino tem sob o ponto de vista geológico no contexto mundial, não me limitando a elogiar a organização e os companheiros de viagem e o contexto paisagístico deste arquipélago. A expectativa que levava, certamente bem diferente dos demais e por defeito de formação, já que era a primeira vez que visitava estas ilhas, ficou excedida perante a realidade encontrada.

Numa madrugada de início de Setembro voámos com destino ao grupo central do arquipélago dos Açores e eu com o desejo de ver in loco tantas coisas que aprendi em sebentas e que até mais tarde ensinei. E antes da aterragem surge o Pico, totalmente descoberto! Um vulcão colossal, emergente do oceano atlântico. Por fim aterrámos na ilha do Faial e assim se iniciou a itinerário por 5 ilhas.

Foi uma visita célere; 5 dias, 5 ilhas, duas delas praticamente de passagem, umas com mais tempo para serem desfrutadas que outras, mas fica principalmente uma óptima recordação das belíssimas paisagens, da geomorfologia (as formas associadas à geologia presente), a cor e a transparência das águas, quase irreal, um cunho muito marcado pela génese vulcânica das ilhas, o tipo de uso e ocupação do território e a simpatia das gentes locais. Fica a vontade de repetir, de voltar, explorando novas rotas e outras formas de conhecer estas ilhas.

Os Açores são um arquipélago composto por 9 ilhas e localizado no Atlântico Norte. Ocupa uma área de cerca de 2500km2 e corresponde à parte emersa da designada plataforma dos Açores, que apresenta uma área de cerca de 5,8 milhões de km2, que se eleva desde os 2000m de profundidade e cuja idade ronda os 35 Ma (milhões de anos – como nota, a idade da Terra estima-se em 4600 Ma). Esta plataforma é como se fosse um gigantesco icebergue em que as pontas emersas seriam as ilhas. O fundo oceânico nesta zona é complexo e é formado por várias placas de crosta terrestre (placas tectónicas), que se movem, originando sismos e episódios de vulcanismo.

A localização deste arquipélago, junto à crista média atlântica – que divide o fundo oceânico de norte a sul, onde se verifica a junção tripla de placas (euroasiática, africana e americana) – confere-lhe uma sismicidade diária e por vezes elevada, e vulcanismo ativo. Esta crista média atlântica é um rift (semelhante a um vale) do qual sai lava continuamente, ainda que muito lentamente, dando origem a nova crosta oceânica. Todas as ilhas nas quais estivemos apresentam vulcanismo ativo, ou seja, considera-se vulcão ou sistema vulcânico activo aquele que se encontra em erupção ou que tem potencial para entrar em erupção, incluindo todos os que registaram actividade durante o holocénico (desde há 10 000 anos).

Todo este território, apresentando características tão importantes, e interessante no contexto geológico mundial, foi classificado como Geoparque em 2010, integrando a Rede Europeia de Geoparques; e em 2013 a sua candidatura foi ratificada pela UNESCO, ficando assim integrado na Rede Mundial de Geoparques a partir desse momento. Esta classificação pressupõe que exista uma área com expressão territorial e limites bem definidos, com um notável património geológico (conjunto de geossítios) com relevância a nível nacional e internacional, que urge em ser preservado e com uma estratégia de geoconservação, políticas de educação e sensibilização ambientais e promoção de um desenvolvimento socioeconómico sustentável baseado no geoturismo. Denomina-se geossítio cada um dos elementos do património geológico que constituem uma ocorrência de reconhecido valor científico, em face da envolvente, podendo contudo apresentar mais do que um tipo de importância, nomeadamente didáctica, cultural ou estética.

O Geoparque dos Açores integra 121 geossítios, dispersos pelas 9 ilhas, e também alguns deles submersos, com características bem marcadas de vulcanismo e sísmica, retratando a história geológica do arquipélago, inserida no contexto global. Este reconhecimento potencia uma maior valorização e promoção deste património natural e do arquipélago a nível mundial.

Resta-me uma última nota – e muitíssimo positiva – sobre a organização, que perante as adversidades repentinas encontrou soluções dentro das possibilidades disponíveis, conseguindo assim optar por alternativas e minimizar os contratempos surgidos.

Por Helena Fonseca, 5-11-2020




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