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À procura dos Vikings
Chegar à meia-noite... com o pôr-do-sol
Em Dia de Portugal, saíram 7 bravos portugueses para desbravar terras de vikings, não sem antes viverem a aventura de estar amanhã e voltar para ontem. Tudo por culpa de uma escala a Zurique para chegar a Reiquiavique. E chegar a Reiquiavique à meia-noite com claridade de pôr-do-sol e lusco-fusco foi a deixa para o que estava para vir.
Começámos por travar conhecimento com a rainha das cascatas da Islândia, com um débito de queda de água mais forte do que as de Niágara, a Gullfoss! Claro que fomos recebidos com um duche fresquinho que seria o primeiro de muitos nesta semana.
O seu vizinho geiser Strokkur, não tão eloquente quantos outros noutras latitudes mas com uma precisão britânica, explode de 5 em 5 minutos – umas vezes prima pela altura; outras, pela largura. E para terminar um dia repleto de emoções conhecemos a placa tectónica da América do Norte. Que imponência! Estar ao lado, poder tocar numa estrutura natural que com o seu movimento suave ou abrupto tem o poder de transformar a “nossa casa” faz-nos sentir pequeninos e ao mesmo tempo privilegiados. O seu movimento de afastamento da placa da Eurásia é de cerca de 12 cm por ano, e com isto torna a Islândia maior.
Akureyri é a 2.ª cidade da Islândia, e para lá chegarmos passámos por fiordes maravilhosos. Quando digo passámos é passar literalmente, porque o caminho é facilitado por 2 túneis: um de 7 km por debaixo de água, e, outro de 4 km.
Ao 3.º dia a Islândia puxa dos galões e escancara a porta para deixar entrar o Verão (19 graus, céu azul e sol) e outra cascata, a Godafoss. Senhora lindíssima, que deve o seu nome aos deuses vikings e que alimenta o lago Mývatn, onde os mosquitos são os reis, mas – vá lá! – a natureza criou-os sem ferrões ou dentes, e assim o comum dos mortais só tem de os sacudir.
Foi aqui que, após a visita aos “vulcõezinhos” e “laguinhos de lama” numa área de actividade geotérmica brutal, fomos relaxar das emoções com um banhinho na piscina termal com temperatura da água de sensivelmente 34 ºC, e no dia seguinte só não tomámos duche à beira da estrada porque o guia não deixou – a fonte estava lá!
Na Islândia nem o dia começa bem se depois de um pequeno-almoço, com smoothies saborosos, não visitarmos uma cascata. Desta vez foi a Detifloss, impressionante a força das suas águas (mais um duchinho) e o caminho para lá chegar. Parecia que tínhamos alunado, pela paisagem rude, seca, cinzenta por força das formações basálticas que a rodeiam.
Na Islândia acredito em que, seja um islandês ou seja um turista, todos são surpreendidos a cada curva, cada quilómetro, cada dia, e nós não escapamos a essa maldição. Por isso, quando o guia nos disse para fechar os olhos e que só os abríssemos quando ele mandasse, já estávamos à espera de algo… mas não da majestade do Vatnajökull, o 3.º maior glaciar da Europa, o pai dos glaciares, aquele que alimenta as inúmeras cascatas que vimos antes e depois de lá chegar, sendo a maior delas a Detifloss. É indescritível a sensação de olhar para aquela imensa massa de água congelada, e se estivermos sentados em frente, num tronco de uma árvore a degustar o almoço típico lá do sitio – fish and chips – então nesse momento sentimos que valeu a pena chegar ali! Uma curiosidade: este lago já foi cenário de luta entre o bem o mal. James Bond já andou por ali…
O grupo bem tentou mas não conseguimos vir ricos; afinal, os diamantes da praia dos Diamantes são lindos, fresquinhos e de todos os tamanhos, mas não são os melhores amigos de uma mulher… se é que me entendem: desaparecem rapidamente e ainda ficamos molhadas!
Ainda não tínhamos dominado as emoções dos dias anteriores, e eis que surge a jóia da coroa: cascata de Skógafoss, 60m de altura, cenário de cinema, a natureza a encher-nos o coração; mas a aventura atingiu o clímax ao passearmos por detrás da Seljalandsfoss e dentro de uma caverna onde caía outra torrente de água, com 40m de altura. Ficámos encharcados mas extasiados.
Foram dias avassaladores, cheios de beleza e aventura q.b. aqui e ali com novidades e situações próprias do Norte da Europa. Foram dias sem noites, contrastes naturais incríveis; Reiquiavique mostra-se ao mundo com o Perlan e a sua caverna de gelo, a harpa local de cultura, as ruas estreitas com casario típico, jardins acolhedores e onde se encontra, no 3.º barracão azul a contar da foz do porto, uma sopa de lagosta de comer e chorar por mais.
Aliás, o salmão e o nosso amigo bacalhau, fresco e saboroso, sempre estiveram presentes nas refeições, bem como o borrego. Já agora sabiam que há mais ovelhas do que pessoas na Islândia?
E se no Natal os presentes demorarem mais a chegar foi porque estes vossos amigos atacaram à grande o hambúrguer de rena. Tchau, tchau, Rudolph!!!!!
Até um dia, Islândia! Voltaremos para as auroras…
Por Graça Lopes, 18-08-2023
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