A praia da Messejana, caricaturada por Brito Camacho nos alvores da I República, afinal existe (na Barragem do Pardieiro), mas nem por isso a localidade cresceu ou foi objecto de especial desenvolvimento, como pensariam os homens de há 100 anos.
Ainda hoje os messejanenses se queixam de ter perdido o estatuto de concelho no século XIX, mas, em boa verdade, o que mais recordaremos da visita a esta castiça vila alentejana nada tem que ver com a importância demográfica, industrial ou agrícola. O que mais recordaremos é o delicioso porco preto do almoço e um certo folar comprado na Rua da Bicada.
A visita ao concelho de Aljustrel, entre nuvens carregadas (tal como carregada é a história das gentes deste concelho), foi acompanhada por Luís Santos, historiador da Câmara Municipal.
Pelos seus olhos, visitámos a Ermida de Nossa Senhora do Castelo e o seu minimuseu de ex-votos, onde não faltam sequer cachecóis de clubes de futebol – não menciono quais –, ali depositados na altura em que qualquer vitória poderia ser equiparada a um milagre.
A visita ao couto mineiro foi esclarecedora para muitos, pois ainda hoje o minério faz a riqueza e a miséria desta terra. E nunca como hoje se transfigurou tanto a paisagem aljustrelense...
Não vimos tudo. Não entrámos numa mina, não pudemos conhecer o museu municipal nem subir ao alto do castelo da Messejana.
Por paradoxal que possa parecer, haveremos de voltar a Aljustrel e entrar numa galeria mineira, conhecer histórias de carne e osso na primeira pessoa, ver novamente o campo em redor, com mais assombro e conhecimento, porque a autarquia está a trabalhar em segredo para oferecer mais aos visitantes num futuro próximo.
Haveremos de voltar a Aljustrel para isto e muito mais. Está à nossa espera.
Por Paulo Fernandes, 9-05-2022
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