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O pescador, o meio ambiente e a ecologia
A falta de respeito é uma prática generalizada

Ao chegarmos à margem de um rio ou ao cimo de uma falésia sobre o mar, somos muitas vezes confrontados com situações verdadeiramente deploráveis. São as garrafas atiradas para qualquer lado, sacos de plástico, restos de material de pesca, caixas de iscos e muito mais lixo, o que demorará dezenas ou centenas de anos a desaparecer – e mesmo quando já não se vir, vai continuar a contaminar a cadeia alimentar. Felizmente, temos cada vez mais exemplos de pessoas que, para além de trazer o próprio lixo, acaba por limpar o que os outros lá deixaram.

Na pesca, para alguns, o importante é chegar a casa com alguma coisa no saco. Não interessa o tamanho, a espécie ou se é ou não comestível. As medidas mínimas legais e o peso máximo que se é autorizado a capturar são muitas vezes ignorados.

O tamanho mínimo para reter um peixe é calculado – embora nem sempre bem – tendo em conta o momento em que cada espécie se começa a reproduzir. Capturar peixes que não efectuaram ainda qualquer desova é contribuir para a extinção da espécie.

A captura e solta é uma atitude praticada por um número cada vez maior de pescadores e é o contributo que podemos dar para evitar a constante diminuição da vida nos mares. As alterações nos ecossistemas processam-se cada vez com maior rapidez. Os mais velhos lembram-se, com certeza, de que a abundância de peixe nos mares há 30 ou 40 anos era muito maior. Muitos factores contribuem para isso, e a pesca desportiva é, de certeza, um dos que menos afectam, mas, de qualquer forma, temos de fazer a nossa parte e dar o exemplo – só criticar não chega.

Um outro aspecto a ter em conta é não só sermos comedidos na quantidade de peixe que pescamos, mas também sermos selectivos nos exemplares que retemos. Todo o pescador sonha com a captura de grandes troféus, mas esquece-se de que o fim desse peixe significa a morte de milhares que resultariam da sua reprodução. Os maiores peixes são os melhores reprodutores, tanto em quantidade de ovos libertados como na qualidade das larvas.

Um grande exemplar, depois da alegria que nos deu com a sua captura e de uma fotografia, que nos recorde para sempre o momento, merece ser libertado com vida. É uma atitude que se prende com a consciência de cada um, mas é certamente um momento de satisfação e um contributo para que as futuras gerações possam partilhar deste imenso prazer que é pescar.

Por José Duarte, 8-05-2021




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