Em dia de comemoração da República um grupo de gente gira e bem-disposta saiu de Lisboa em direcção a terras de sua majestade Filipe VI, região de Castela e Leão.
Chegámos a Salamanca depois de atravessar vastas planícies, e o almoço já nos esperava. A cidade de pedra ocre pela oxidação dos segmentos férreos da pedra tem nos seus monumentos uma cor acolhedora, seja em estilo românico ou em gótico. Na visita ao Museu Art Déco encontramos vitrais coloridos, peças de uso comum, adorno, decoração e brinquedos.
Já de noite acolhemo-nos ao Hotel Convento I, antigo convento convertido à hotelaria de forma exemplar, sem prejuízo da sua história e do seu passado, onde estabelecemos o nosso quartel-general, para as três noites desta nossa bem-sucedida surtida por território espanhol.
Pelo sereno da manhã rumámos a Zamora quais "futuros" portugueses em 1143. A guia bem tentou pôr em causa o nascer de Portugal com o pormenor de não haver nenhum documento escrito, mas... temos pena!
A próxima paragem foi em Alcañices, local pequeno mas com grande significado para os "tugas", porque foi aqui que D. Dinis em 1297 definiu as fronteiras do país mais antigo da Europa. E a seguir visitámos Toro, cidade-refúgio de Maria de Molina – rainha e regente de Aragão – e às vezes aliada de Portugal; outras, nem tanto.
No sábado visitamos Valhadolid, capital de Espanha de 1600 a 1605. A casa de Cervantes mereceu a nossa atenção entre igrejas e palácios. Também o restaurante La Parrilla de San Lorenzo mereceu a nossa atenção, com uma magnífica decoração, nuns subterrâneos da cidade, e que nos ofereceu um excelente almuerzo com quatro platos e postre. Mas a estrela do dia só podia ser Tordesilhas, tal a importância para Portugal – cidade pequena, mas igualmente orgulhosa do seu passado. Visitámos a Casa do Tratado, onde o dito foi assinado em 1494, e passeámo-nos por uma feira medieval que acontecia por ali e que até parecia combinado. Só por curiosidade, o tratado foi assinado por representantes da coroa mas só foi ratificado por D. João II, em Setúbal, meses mais tarde.
Por fim Ciudad Rodrigo, cujo símbolo de “3 colunas” vem do tempo da invasão romana – ainda existe e é o símbolo da cidade. Entre as guerras civis e as invasões napoleónicas temos uma cidade “esquecida” no passado, mas é isso que faz dela uma cidade encantadora. Há sempre um palácio, uma casa senhorial ou um recanto que nos lembra a sua história.
Por Graça Lopes, 3-11-2017
|
|