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Caminho de Santiago pela Costa – 10.ª etapa
Por Armenteira a Vilanova de Arousa.

Sete Bicas, 19 de Fevereiro de 2022. Com cerca de 12 minutos de atraso relativamente à hora marcada, 7.15h, demos início à partida para a etapa de Armenteira a Vilanova de Arousa.

Toda a gente bem-disposta como é habitual. Depois de instalados nos seus lugares, alguns caminheiros pegam nos telemóveis para ver as últimas notícias, outros conversavam com o vizinho do lado, e outros ainda aproveitavam para fechar os olhos tentando retomar o sono interrompido de uma manhã de sábado.

Passado, porém, pouco tempo, surgem os mais entusiastas e ouve-se a primeira cantiga, qualquer coisa acerca de um americano com o cu grande e o pau de fora do penico. Estava dado o mote para o que viria a seguir. Cantaram-se várias cantigas do reportório e fora dele, e foi aí que se notou a falta do maestro Valente e da sua guitarra. A afinação não era a melhor, o tom não estava como era suposto, mas o pior era a métrica, o raio da métrica é que não havia maneira de acertar; contudo, o que faltava na métrica sobrava no entusiasmo e na alegria, e, cantiga atrás de cantiga, lá foi prosseguindo a viagem.

Depois das cantigas a Célia apresentou a crónica da etapa anterior, o que fez a preceito e com distinção.

Cerca das 8.45h parámos em Valença para o já habitual pequeno-almoço. Dividimo-nos pelos cafés nas imediações do autocarro, e lá fomos apaziguar o estômago.

Retomámos a viagem, e, passado algum tempo, começou a circular um tuperware com coquinhos deliciosos que a Celeste teve a amabilidade de levar e que, desde já, encorajo a repetir. Em seguida, cantámos os parabéns ao Caldas, pois era dia do seu aniversário – este não se ficou e distribuiu umas divinais queijadinhas de canela.

Pelas 9.30h chegámos ao Mosteiro de Santa Maria de Armenteira. O mosteiro é um monumento românico de transição, que pertenceu desde a segunda metade do século XII à Ordem de Cister. Aqui aproveitámos para mais um carimbo na credencial.

Estava um dia bonito, com céu limpo e temperatura amena, excelente para caminhar. Fizemos a tradicional foto de grupo, e, depois de lida a oração do peregrino, demos início à caminhada.

Andámos cerca de 100m e encontrámos um outdoor a anunciar que estávamos a entrar na Rota da pedra e da água, e ao mesmo tempo a seta amarela, que indicava a direcção do caminho de Santiago.

Entrámos num caminho largo ladeado à esquerda pelo ribeiro da Armenteira e à direita por campos de cultivo. Mais à frente, outro outdoor informava que estávamos na Variante Espiritual do Caminho Português a Santiago.

Atravessámos uma estrada e descemos por um estreito carreiro, continuando pela margem direita do ribeiro da Armenteira: o terreno era pedregoso, escorregadio e por vezes lamacento; o ribeiro estava pejado de penedos, alguns de consideráveis dimensões e completamente verdes do musgo que neles proliferava; nas margens as árvores eram muitas, com os troncos também verdes do musgo. Por baixo de um tecto verde cerrado, aqui e ali, raios de luz rasgavam o espaço iluminando as águas cristalinas do ribeiro que, saltitando de pedra em pedra, formavam por vezes lindas cachoeiras e, ao mesmo tempo, produziam o som característico da água a bater nas pedras. O canto dos pássaros a anunciar a Primavera completava a sinfonia, criando uma atmosfera fantástica de que só a natureza é capaz.

Pelo caminho passámos por vários moinhos, alguns em muito bom estado, e passámos também pela aldeia Labrega, uma recriação de como era a vida quotidiana nas aldeias daquela zona. Vários elementos do grupo tiveram a oportunidade de ver lontras junto ao ribeiro.

Continuando o caminho, atravessámos para a margem esquerda, e passado pouco tempo fomos surpreendidos na nossa retaguarda pela Rosa Maria mais o grupo que a acompanhava: supostamente deviam ir a liderar, mas enganaram-se no caminho – acontece aos melhores.

O caminho agora era mais fácil, pois já não tinha pedras.
Os moinhos eram uma constante. Andávamos divididos em pequenos grupos – uns, calados; outros, conversando disto e daquilo e também de comida, tema preferido de alguns de nós; uma grande parte tirava fotografias.

Atravessámos novamente o ribeiro através de uma pequena ponte de madeira, para, passado pouco tempo, o atravessarmos de novo, mas agora a travessia era por cima das pedras de um açude, todos em fila indiana e com cuidado para não tomar um banho forçado.

Feita a travessia, encontrámos um outdoor a informar que estávamos na Rota do vinho rias baixas, e quase simultaneamente começaram a aparecer vinhas.

Finalmente, cerca das 13.15h chegámos ao local onde almoçámos: na margem esquerda do rio Umia, junto a uma ponte, várias mesas e bancos de pedra serviram para um merecido descanso enquanto decorreu o almoço.

Em pequenos grupos, divididos pelas mesas, almoçámos ao mesmo tempo que a conversa fluía sobre diversos assuntos, sempre com alegria e boa-disposição.
Meia hora depois recomeçámos a andar pela margem esquerda do rio Umia através da Rota do rio Umia. O caminho era estreito, mas fácil; o grupo alongou-se numa extensa fila, e assim caminhámos entre o rio e as vinhas que então marcavam a paisagem. Passado algum tempo atravessámos para a margem direita: as características do caminho mantiveram-se iguais.

Ao fim de 1 hora de caminho, tomámos café num lugar chamado Arnelas, no café-bar Arnelas. Prosseguimos atravessando uma ponte de madeira situada por baixo da ponte que servia o trânsito automóvel. Agora o caminho era feito pela berma da estrada de alcatrão.

Continuámos através de diversas estradas secundárias sem praticamente nenhum trânsito. Deixando as estradas de alcatrão, entrámos numa zona de floresta com um caminho largo e algumas subidas. Por fim, chegamos à aldeia de São Roque do Monte, que tinha um largo com uma escultura de granito de uma burra que logo foi aproveitada para servir como local de pose fotográfica por alguns caminheiros.

Ao longe, começámos a ver finalmente o mar, sinal de que o final da etapa estava perto; ao mesmo tempo manifestavam-se os primeiros sinais de cansaço em alguns caminheiros.

O caminho prosseguia através de um pinhal, tendo o mar à nossa esquerda. Passámos por baixo de uma ponte que liga à ilha de Arousa. Continuando, passámos por algumas praias e pelo campo de futebol do Terrón. Chegámos a uma ponte pedonal que fazia a ligação ao centro de Vilanova de Arousa, ao seu porto e à estação marítima Mar de Santiago, onde o autocarro nos esperava para fazermos a viagem de regresso.

Terminava assim mais uma etapa. Tudo correu como esperado: estávamos cansados, mas felizes, já a pensar na próxima – será a penúltima.

Esta tem sido uma maravilhosa aventura que irá terminar em 27 de Março, e já sentimos um misto de ansiedade e nostalgia.

Quero agradecer ao Grupo Desportivo do BPI nas pessoas do José Caldas e da Rosa Maria pela dedicação, pelo empenho e pela organização, e a todos os caminheiros pela companhia e pelos excelentes momentos que me tem proporcionado. Muito obrigado.

Por Manuel Sousa, 10-05-2022




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