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A 4.ª visita às mais bonitas igrejas do Porto
Andámos pela Afurada

São Pedro da Afurada é «uma das três antigas freguesias urbanas do município de Vila Nova de Gaia, juntamente com Mafamude e Santa Marinha». Situa-se na margem esquerda do rio Douro e na margem direita da ribeira de Santarém (vinda das áreas comerciais do Continente e da Conforama) e que a separa da freguesia de Santo André de Canidelo com a sua marina para 350 embarcações e um parque no vale de S. Paio, junto ao Cabedelo.

Desde 2014, São Pedro da Afurada passou a fazer parte integrante da União de Freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada.

A nossa visita começou com um café e a visita ao mercado do peixe e dos legumes.

A região da Afurada em Gaia era uma terra de simples pescadores e de lavadeiras com um lavadouro público de granito e os varais (paus de madeira e cordas utilizados para secar as roupas) e que atraem muitos turistas e onde em Junho, na altura do S. Pedro da Afurada e do S. João no Porto, se comem as boas sardinhas.

Após uma breve introdução, visitámos os varais e os lavadouros, e depois fomos para o Centro Interpretativo do Património da Afurada (CIPA), instalado desde Março de 2013 «… em armazéns antigos e completamente restaurados para receber uma série de objectos, documentos e informações que contam a trajectória histórica daquela região tão típica de pescadores». «É um espaço de homenagens e lembranças.»

De seguida, fomos à Praceta de São Pedro que é um espaço referencial de memória, outrora ocupado pela primeira capela da Afurada. É pontuada pela imagem do santo padroeiro que recorda a preexistência da capela. Aqui existiu a primeira Capela da Afurada, dedicada a S. Pedro e construída entre 1894 e 1908. Entretanto, o embate e o naufrágio da barca América em 23/12/1909 e as cheias do mesmo ano destruíram parcialmente a capela, que foi reconstruída no mesmo local. Posteriormente, em 1969, foi demolida e «gerou um sentimento de perda no seio da comunidade» urbana pela forte carga simbólica.

Depois subimos até meio da encosta para visitar a Nova Igreja Paroquial de São Pedro da Afurada «implantada na cota média da freguesia, e que surge da necessidade de ampliar o espaço de culto num local mais digno e resulta do aproveitamento da estrutura arquitectónica de uma fábrica inactiva de guano (depois fábrica de mica), que, entretanto, tinha sido adquirida pela Junta Central das Casas dos Pescadores».

«A autorização para a construção de uma igreja paroquial para Afurada foi concedida, em 1951, pelo bispo do Porto D. Agostinho de Jesus e Sousa», sendo padre Joaquim de Araújo.

«Começaram os estudos para a construção da igreja, com dois aspectos que merecem atenção. Um dos aspectos refere-se à escolha do sítio para a nova igreja. A primeira hipótese aventada foi a de implantar a nova igreja frente à Casa dos Pescadores; e a segunda, a de propor a sua localização na praça onde estavam os varais o que não foi autorizado pelo presidente do município.»

A obra foi assumida como tema de exame final dos alunos da Escola de Belas Artes do Porto, e o projeto final resultou das soluções apresentadas pelos melhores trabalhos.

O arquitecto escolhido para a readaptação do anterior edifício na nova igreja paroquial da Afurada foi Carlos Ramos, então director da Escola de Belas Artes do Porto.

«O corpo do edifício existente é aproveitado, mantendo-se a sua estrutura parietal e o madeiramento da cobertura, alteado o suficiente para permitir a inserção de aberturas acima da linha das paredes. O coro, o altar e o trono são realizados de novo. Havia a intenção de construir uma torre sineira no alto das arribas, que projectaria a sua presença no espaço do estuário do rio e do território do interior rural, como marca eminente – uma espécie de versão não figurada, que evocava, ao nível do conceito, a obra de Cristo-Rei, em Almada. Porém, a ideia não chega a ser concretizada. A torre ergue-se junto da igreja, numa versão menos salientada na paisagem.»

«A primeira pedra da igreja paroquial foi benzida em 22 de abril de 1954.»

«A igreja foi inaugurada em 10 Julho de 1955, precedida de uma majestosa procissão fluvial, da Ribeira para a Afurada, a que presidiu D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto.»

«Desprovida de grande decoração, destacam-se as imagens executadas pelo escultor Altino Maia, bem como o crucifixo e a Via Sacra.»

«As esculturas chegaram à Afurada por barco, numa celebração imponente, sendo transportadas de uma margem para a outra por embarcações de pesca. A população não gostou dos Santos Pretos (assim conhecidos pela cor escura) e grande parte recusou-se a frequentar a igreja.»

Em 1999, e por motivos de saúde, o padre Joaquim Araújo deixou a freguesia. Alguns populares munidos de baldes, vassoura e lixívia roubaram a chave da igreja e lavaram abusivamente os santos e puseram-nos na sacristia.

«No ano de 2021, com o intuito de conferir uma maior dignidade ao edifício, este foi alvo de obras de requalificação.»

No final da manhã, visitámos «o porto de pesca que funciona como elemento unificador da Afurada. Para lá do seu carácter funcional ligado à actividade piscatória, assume-se como um lugar de devoção. Aqui ocorre anualmente a bênção das embarcações, no final da procissão de São Pedro, o que reforça a importância da devoção ao santo padroeiro e a sua ligação à actividade piscatória dominante na comunidade».

A etapa terminou com o almoço no restaurante O Pescador.

Por Lurdes Teixeira, 12-05-2023




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